Livros, Resenhas

Resenha: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, J.K. Rowling

O universo de Harry Potter é tão grande quanto você imagina. Além da saga do famoso bruxo ser retratada em sete livros muito queridos, temos ainda diversas histórias extras publicadas no Pottermore, uma linha temporal alternativa em ‘Animais Fantásticos e Onde Habitam’ e agora os fãs foram presenteados também com o roteiro de uma peça teatral dentro do mesmo universo: ‘Harry Potter e a Criança Amaldiçoada’. O novo livro, porém, não é um romance e sim um roteiro escrito por Jack Thorne, que se baseou na história original de J. K. Rowling para reviver o mundo da magia. 

Rowling concluiu a série Harry Potter mostrando Harry e sua esposa, Gina, dizendo adeus a seu segundo filho, Albus Severus, na plataforma de King’s Cross em seu primeiro ano em Hogwarts. Parecia um final definitivo e duradouro, mas é nesse exato momento que essa nova história toma partido. O roteiro segue Albus Severus Potter e Scorpius Malfoy, dois jovens que tentam encontrar o seu lugar em Hogwarts e o mundo a maneira como seus pais, Harry e Draco, fizeram antes deles. Albus já sabe que não é engenhoso como seu pai. Primeiramente, o chapéu seletor o manda para a Sonserina, diferentemente da queridinha de Hogwarts, Grifinória. Ele não é bom em quadribol, nem tão sagaz nas aulas de feitiço e ainda, seu melhor amigo é filho de um Malfoy, o que torna tudo mais irônico.

O enredo tem uma trama que inclui um novo vilão, a volta do dispositivo mágico vira-tempo (erradicados do universo mágico de Rowling desde o Prisioneiro de Azkaban) e várias escolhas que levam os meninos de volta para o passado de Harry, permitindo Rowling reescrever suas próprias histórias, coisa que ela parecia tão interessada em fazer desde o sétimo livro, Relíquias da Morte. A história, porém, é menos sobre reescrever o passado e mais focada em como os acontecimentos do passado podem alterar o futuro.

Por ser escrito na forma de roteiro, demora um pouco mais para a história chamar a atenção do leitor. Os elementos teatrais de palco, apesar de divertidos e distrativos, são vagos demais e deixam muito a desejar na descrição do cenário e personagens. Sem os atores performando, algumas personagens nunca antes estabelecidas dentro do universo parecem incompletas.

Embora Thorne tente recriar o cenário dos antigos livros, as 352 páginas parecem ser uma tentativa desesperada de vender bilhetes por meio de reviravoltas que tornam a trama fraca e pouco original. No entanto, esse fan-service que Rowling inclui de maneira exacerbada no enredo força a narrativa a tomar um curso inesperado. Assim como você, ela se pergunta o que teria acontecido se Voldemort tivesse vencido ou se um personagem tivesse sobrevivido no lugar de algum outro. Muito rapidamente você se lembra que ela adora esses contos e personagens tanto quanto você, e torna-se muito mais gostoso aproveitar o ar nostálgico que a história proporciona. O ar completamente saudosista presente em boa parte do roteiro parece ser a melhor maneira de introduzir essa nova geração de bruxos.

Apesar de seus defeitos, é muito provável que ‘Harry Potter e a Criança Amaldiçoada‘ encante os fãs da saga de maneira carismática. Revisitar os personagens e conhecer a geração de bruxos que – provavelmente – protagonizarão as próximas histórias é um ótimo jeito de matar as saudades dessa história tão emblemática e fascinante que é Harry Potter.

Anterior Seguinte

Você também pode gostar de...